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segunda-feira, 14 de julho de 2008

Fome 10; moral 0

O resultado parcial da operação Satiagraha – a prisão e a reincidente liberação de 16 cidadãos brasileiros suspeitos de corrupção e/ou lavagem de dinheiro investigados pela Polícia Federal – é um vaidoso retoque à maquiagem do sorriso petrificado que emudece a vontade geral do modelo administrativo de federação em que o tempero da união é o silêncio. No cardápio deste país, todos os sabores da justiça são servidos em fartos rodízios, e o habeas corpus sempre é o prato principal de quem freqüenta os restaurantes finos, ambientes onde a impunidade – vendida a quilo – é uma sobremesa doce e barata.
O menu midiático nacional oferece doses diárias de apetitosos relatos de corrupção enlatados no vácuo de toda a sua complexidade. Mas quem paga a conta pela amarga condescendência do judiciário com a receita da elite é o povo. E a inflação do plano econômico “sensação de impotência Real”, que desvaloriza o câmbio dos cumprimentos aos bons garçons do judiciário, ironicamente sustenta o mercado dos cozinheiros do Supremo Tribunal Federal. E diante da baixa oferta de punição para consumidores do Tipo A, o hábito alimentar de engolir a seco constitui-se no nutriente básico do letárgico quadro clínico do civismo nacional. Afinal, é difícil reivindicar com a garganta arranhada e os ouvidos irritados pelos gritos da barriga. E talvez seja por isso que os argentinos batem em panelas!

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