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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

As filosofias políticas e o valor do amor

O sistema político-filosófico desenvolvido por Auguste Comte recomendava o amor, por princípio, a ordem, por meio, e o progresso, por fim. O brasileiro Benjamim Constant ousou abreviar este lema, e pariu uma bandeira nacional cujos pobres preceitos foram sublimados pelo regime instaurado em 1964. O amor do glorioso estandarte do Brasil ainda não conseguiu converter-se em ordem, e o seu projeto de progresso assumiu o papel de representar, à luz do céu profundo, a fulguração do florão da América que adormeceu ao som da arrebentação do positivismo nas pedras do mar das idéias tortas.
No áureo século XXI, enquanto os olhos do mundo se abrem ao exemplo de desenvolvimento chinês, os chineses tentam conciliar o projeto de Mao Tse-Tung com o ideal capitalista; mas, superar Confúcio, seria rejeitar o amor. O filósofo que viveu antes de Sócrates ensinou a seu povo as cinco virtudes capitais da humanidade: o amor a todos os homens sem distinção; a justiça que dá a cada qual aquilo que lhe cabe; a observação das cerimônias e dos usos estabelecidos a fim de que todos os que vivem segundo a mesma norma participem das mesmas vantagens e desvantagens; a retidão de ânimo e de coração, que leva a buscar em todas as coisas a verdade, ou desejá-la, sem se enganar e sem enganar a ninguém; e a sinceridade, isto é, o coração franco, que afasta toda dissimulação nos fatos e nas palavras.
O altruísmo de Comte talvez esteja escondido embaixo da linha imaginária que abraça a Terra na altura do Equador. A China, sem Confúcio, alimenta-se de toda a confusão de um sistema que enlata o amor em formato DVD. A Índia libertou-se de seus grilhões com a ajuda de Ghandi, mas hoje oferece sua fé quase que exclusivamente a ídolos religiosos. Com os hippies, os estadunidenses aprenderam a amar; mas nunca esqueceram a guerra. E quem se debruçar sobre a história encontrará outros indícios de que o valor do amor precisa ser restado sob pena de condenar à morte a intuição que sempre sustentou a condição humana. Transformemos, então, o amor em nossa principal bandeira!