Os alemães se depararam com um espelho distorcido no despertar do julho de 2008, quando um homem de 41 anos, cujo nome não foi divulgado, decapitou a estátua de cera do ex-ditador nazista Adolf Hitler (registrada pelas lentes de Miguel Villagran, da AP), que se encontrava sentado a uma mesa estrategicamente alojada em uma sala do Museu Tussauds, em Berlim. Gritando “Guerra nunca mais!”, o algoz da estátua valeu-se de um machado para isolar a representação da mais poderosa arma utilizada por um ditador: a cabeça! Mas, como a podridão que emerge de uma infrutífera antítese, a atitude deste artífice da justiça irracional reafirmou o poder simbólico da figura de Hitler, representação que fere seu opositor através do estímulo inconsciente à violência. E a nova vítima da implacável força é a coerência cognitiva, o órgão vital de qualquer proposta ideológica. No tocante à oposição ao nazismo, o organismo deveria nutrir-se de um conceito que vislumbra o processo de mudança através da simbiose discurso/prática. Afinal, reservar à imagem de Hitler uma raiva aniquiladora, capaz de consagrar a dinâmica da força física como instrumento político-administrativo, é metodologicamente igualar-se a ele.
Os sérvios, por sua vez, refletiram os pujantes raios da democracia ocidental com o processo de investigação que culminou na prisão de Radovan Karadzic, o genocida que governou a Bósnia no quadriênio 1992-1996, e atualmente vivia na capital Belgrado sob a identidade falsa de um especialista em medicina alternativa que ensinava técnicas de relaxamento. O julgamento deste psiquiatra, poeta e ex-líder que armou o cerco a Sarajevo no início dos anos 1990, e manteve dezenas de campos de concentração sob a justificativa de promover a “limpeza étnica” da atual Sérvia, atende a uma antiga exigência da União Européia, bloco político-econômico do qual alguns pequenos países da Europa ainda não participam. Em verdade, tal exigência da U.E., ao estabelecer uma condição de negociação desequilibrada e estrategicamente hipócrita, serve para descredenciar os países pouco desenvolvidos através da comprovação de ineficácias administrativas. Mas a Sérvia surpreendeu. E, se Karadzic for entregue ao Tribunal Internacional de Justiça, o jovem país dará um firme passo simbólico no sentido da consagração do regime democrático de direito. E, neste projeto, o próprio Karadzic, enquanto prisioneiro de guerra, assume o papel de instrumento político-administrativo. Afinal, em uma demonstração de eficiência, o novo regime superou as velhas técnicas opressoras do antigo líder desencadeando um processo de captura coerente até no emprego dos dispositivos utilizados para conter os manifestantes pró-Karadzic – a da defesa contra a força do ataque sob a justificativa da manutenção da ordem.
Os sérvios, por sua vez, refletiram os pujantes raios da democracia ocidental com o processo de investigação que culminou na prisão de Radovan Karadzic, o genocida que governou a Bósnia no quadriênio 1992-1996, e atualmente vivia na capital Belgrado sob a identidade falsa de um especialista em medicina alternativa que ensinava técnicas de relaxamento. O julgamento deste psiquiatra, poeta e ex-líder que armou o cerco a Sarajevo no início dos anos 1990, e manteve dezenas de campos de concentração sob a justificativa de promover a “limpeza étnica” da atual Sérvia, atende a uma antiga exigência da União Européia, bloco político-econômico do qual alguns pequenos países da Europa ainda não participam. Em verdade, tal exigência da U.E., ao estabelecer uma condição de negociação desequilibrada e estrategicamente hipócrita, serve para descredenciar os países pouco desenvolvidos através da comprovação de ineficácias administrativas. Mas a Sérvia surpreendeu. E, se Karadzic for entregue ao Tribunal Internacional de Justiça, o jovem país dará um firme passo simbólico no sentido da consagração do regime democrático de direito. E, neste projeto, o próprio Karadzic, enquanto prisioneiro de guerra, assume o papel de instrumento político-administrativo. Afinal, em uma demonstração de eficiência, o novo regime superou as velhas técnicas opressoras do antigo líder desencadeando um processo de captura coerente até no emprego dos dispositivos utilizados para conter os manifestantes pró-Karadzic – a da defesa contra a força do ataque sob a justificativa da manutenção da ordem.
Um comentário:
Sidi!
Olha esse blog, sobre a política no Estado, crises e tal... Creio que possa gostar.
http://www.rsurgente.net/
Beijos! =**
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