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sábado, 19 de junho de 2010

Artigas: a morte pela independência

Os uruguaios têm sua própria Meca, e ela habita o coração de Montevidéu, onde a lembrança de um passado sangrento ecoa pelo subsolo da praça. E é com lábios cerrados que os guerreiros de mármore pintados de azul vigiam o maior ícone do altruísmo uruguaio: a pequena urna dourada pelo brio do compatriota que pariu a república oriental às margens do rio. Ídolo máximo do Uruguai, Artigas entregou sua vida à história, e suportou o peso de converter-se em herói da nação. Em sua homenagem, o extinto regime militar adornou a capital com seu corpo. Hoje, 19 de junho, data de seu nascimento, a perspectiva de sentir-se aos seus pés confere rubor religioso à estrutura subterrânea.

sábado, 5 de junho de 2010

PacMan contra-ataca o Império


Para quem ainda duvida que a memória do homem urbano pós-moderno é atomizada, sugiro conferir um dos novos layout’s do mais popular site de busca da rede mundial. Trata-se de uma versão do clássico PacMan, o simpático ponto amarelado que preconizou o conceito de game familiar. Estima-se, no entanto, que a iniciativa tenha causado um prejuízo de US$ 120 milhões – R$ 225 milhões – em produtividade. Embora possua pouco apelo revolucionário, o come-come, para a inveja de muitos líderes globais, contou com a imediata adesão dos sujeitos que cresceram sob sua tutela. Sentiu saudade das aventuras cíclicas do esfomeado personagem? Então aproveite; acesse o Google e se divirta consumindo virtualmente a economia mundial...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O pesadelo de Martin

Quando ousou legitimar a maior utopia do país que inspirou as Revoluções Republicanas, Martin Luther King encontrou o caminho para romper o silêncio que sustentava o processo de opressão. Diluído em camadas, qualquer conceito se oficializa através de ideais representativos geralmente associados ao poder conferido pela identificação com a maioria. Negando a visão de um quadro social bordado pela miscigenação, o absurdo pode assumir contornos de mecanismo de defesa, legitimando a segregação. Há cinquenta anos, a pele polarizou o discurso nos Estados Unidos, e a tendência de identificação determinou a vitória parcial do padrão de estética dominante. Aos derrotados, no entanto, o futuro ofereceu a adesão em âmbito internacional. Ao mundo, o episódio ofereceu uma dura lição: o preconceito, independente de período ou foco, quase sempre é um ato de distanciamento em detrimento da associação ao mais forte. O fim de sua reprodução depende de uma concepção estruturalista, de caráter social, que encontre na diversidade os nutrientes de uma nova forma de igualdade.