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quarta-feira, 11 de março de 2009

Uma frase infeliz pode mudar o mundo

A cada disparo, uma polêmica. Quando o alvo são as convenções, nenhuma arma tem tanto poder quanto a semântica. E no chão, só as folhas de jornal aquecem os corpos que tombam estigmatizando consciências. Em Pernambuco, tratava-se de uma vítima. Não de um aborto, mas de um estupro.
A infância não será devolvida à frágil menina que aos nove anos carregava no pequeno ventre o involuntário peso de duas vidas. O procedimento cirúrgico que a salvou do parto chegou a condenar a equipe médica à excomunhão. Mas a maior ferida afligiu a infalibilidade papal, simbolizada pelo código do Direito Canônico. Com base no documento, as leis da Igreja foram aplicadas pelo arcebispo de Olinda, Dom José Cardoso Sobrinho. Em verdade, tratava-se de uma determinação eclesiástica. Mas seu grande impacto social ofereceu ao Estado Laico a chance de fincar raízes. À memória, o caso recomenda o resgate da imagem de Paulo Salim Maluf. Ou melhor, a lembrança de sua pior frase, proferida há 20 anos em uma universidade de medicina de Minas Gerais. Pois parece que a “distorcida doutrina” do “Estupra mas não mata!” continua servido aos discursos de oposição à banalização da morte.

Um comentário:

Marcos disse...

Concordo com as palavras.
Mas pior que isso é o fato de que outras religiões aprovaram a loucura do arcebispo.