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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Nas mãos do povo


O ramo do entretenimento é uma poderosa fonte de relativização de conceitos. Seu mote reduz a complexidade iconográfica de objetos representativos a estereótipos exagerados através do estímulo ao consumo. Uma dinâmica comum aos países onde o liberalismo econômico apresenta-se fantasiado de democracia - o chamado Primeiro Mundo -; territórios em que o marketing empenhado na construção de ícones políticos é facilmente anulado com o apelo humorístico de brinquedos que os ridicularizam. E a mais recente vítima deste impiedoso processo é o Primeiro-Ministro da França, Nicolas Sarkozy. Na semana passada ele perdeu a primeira batalha da guerra judicial que está travando contra a Tear Prod, empresa européia que produziu 20 mil exemplares de um boneco de vodu com o seu rosto. Mas Sorkozy deve recorrer, e continuar tentando impedir a venda do produto – disponível no site amazon.fr.
Para os representantes do Tribunal de Grande Instância de Paris, esta utilização não-autorizada da imagem de Sarkozy não atenta contra a dignidade humana nem constitui um ataque pessoal contra o Primeiro-Ministro. E mais; o juiz, que não teve o nome divulgado, afirma que o brinquedo se inscreve nos limites autorizados da liberdade de expressão e do direito ao humor. Aliás, Sarkozy também deveria rir das agulhadas. Afinal, a França é o berço de um povo que costumava condenavar Reis à guilhotina.

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