
É no Cabo da Boa Esperança, onde “desbravadores” e traficantes de escravos encontraram abrigo em tempos remotos, que os piratas somalis colhem o fruto que potencializa a construção civil da capital Mogadíscio: os petroleiros, navios cujos resgates oferecem aos novos ricos africanos a chance de erguer mansões sobre os barracos que outrora preenchiam o horizonte poeirento daquele pobre país.
Em 2008, mais de 65 barcos foram atacados pelos piratas somalis no Oceano Índico. E o mais recente alvo foi o superpetroleiro saudita Sirius Star, um dos maiores do mundo. Os seqüestradores, que tomaram a embarcação no dia 16 de novembro, exigem US$ 25 milhões de resgate – ¼ do valor do petróleo transportado pelo navio.
Um representante da ONU foi assassinado na Somália no início do mês. E parece que a situação do país ainda não sensibilizou as autoridades estadunidenses. Talvez nenhum navio da grande nação tenha sido seqüestrado. Ou trata-se apenas de um sinal de que o verdadeiro compromisso do Tio Sam definitivamente não se afina com a defesa da democracia quando o território é a África; seu antigo laboratório farmacêutico.