
No áureo século XXI, enquanto os olhos do mundo se abrem ao exemplo de desenvolvimento chinês, os chineses tentam conciliar o projeto de Mao Tse-Tung com o ideal capitalista; mas, superar Confúcio, seria rejeitar o amor. O filósofo que viveu antes de Sócrates ensinou a seu povo as cinco virtudes capitais da humanidade: o amor a todos os homens sem distinção; a justiça que dá a cada qual aquilo que lhe cabe; a observação das cerimônias e dos usos estabelecidos a fim de que todos os que vivem segundo a mesma norma participem das mesmas vantagens e desvantagens; a retidão de ânimo e de coração, que leva a buscar em todas as coisas a verdade, ou desejá-la, sem se enganar e sem enganar a ninguém; e a sinceridade, isto é, o coração franco, que afasta toda dissimulação nos fatos e nas palavras.
O altruísmo de Comte talvez esteja escondido embaixo da linha imaginária que abraça a Terra na altura do Equador. A China, sem Confúcio, alimenta-se de toda a confusão de um sistema que enlata o amor em formato DVD. A Índia libertou-se de seus grilhões com a ajuda de Ghandi, mas hoje oferece sua fé quase que exclusivamente a ídolos religiosos. Com os hippies, os estadunidenses aprenderam a amar; mas nunca esqueceram a guerra. E quem se debruçar sobre a história encontrará outros indícios de que o valor do amor precisa ser restado sob pena de condenar à morte a intuição que sempre sustentou a condição humana. Transformemos, então, o amor em nossa principal bandeira!